Pé de Amora


     Amoreira não me parece um nome tão agradável aos ouvidos. Amora é doce ou amarga? Agridoce descreve um sabor que varia entre o doce e o salgado, mas e o doce e o amargo? Que nome eu dou para essa combinação? Amora eu não sei encaixa nesse perfil por que doce. Tão doce quanto mel. Eu não consigo encontrar uma relação entre a amora e um sabor, mas eu consigo encontrar com uma série de outras palavras.
     Eu marquei o dia, marquei a hora e marquei o momento que os meus olhos não foram de encontro mas quase chegaram lá e num ato de extrema coragem e bravura uma faísca, que há tanto havia apagado, resolveu reacender. Não sei se em um momento oportuno ou desoportuno de mais. Mais uma vez eu volto ao dilema do agridoce. Sim ou não? Isso a aflige, mas me aflige também a certo ponto. Seria isso algo inerente ou é particular? Eu gosto desse risco e me sinto irredutivelmente tentado a ousar e ir além com tudo isso. 
     Uma faísca pode acabar o mundo em chamas, mas também pode ser que ninguém nem a perceba. Eu já percebi, talvez ela também, então estamos mais próximos de um incêndio do que qualquer outra coisa. Eu não quero estar com um extintor. Não dessa vez. Eu quero continuar lá, assumir os risos e me deixar queimar por essas coisas que só acendem uma vez na vida. 
     Não se passou muito tempo desde então mas é engraçado pensar em como as coisas que tem uma pré-disposição ao acerto tendem a ser assim; difíceis e tenazes; duras e fáceis. Vai lá entender como essas coisas resolvem se processar. Mas eu tenho um pouco mais do que esperança, um pouco menos do que certeza de que tudo isso vai se encaminhar para seja lá qual for o fim disso tudo. Um fim não é mais uma opção. Mas agora eu sei que desisti de plantar um pé de amora e vou me reter as quatro primeiras letras e vou plantar um pé de amor. 

sexta-feira, 7 de junho de 2013 às 04:03 , 0 Comments